terça-feira, 16 de dezembro de 2008

REPOSIÇÃO HORMONAL NO HOMEM

Reposição Hormonal no Homem: Testosterona e DHEA


José de Felippe Junior

O homem de um modo muito semelhante ao que ocorre com a mulher, passa por um período de sua vida onde ele sente o declínio de suas funções físicas, psíquicas e sexuais: é o climatério masculino. Este período de privação, ou de deficiência de hormônio androgênico (testosterona), geralmente passa despercebido para a maioria dos médicos não atentos ao problema porque não existe no homem um evento dramático , como acontece para a mulher : a última menstruação.
Entretanto, chega um momento que o homem sente que já não é o mesmo de antes ,e isto pode acontecer já aos 35 - 40 anos de idade ou após os 50 - 60 anos . Ele fica mais irritado, nervoso, esquecido ,aumenta a tendência à tristeza e à depressão, seu humor fica lábil, sente-se mais cansado, com falta de energia, menor disposição ,às vezes cai a libido e a potência, a ereção não é mais como antes. Diminuí a sua vontade de lutar e os empreendimentos de risco antes uma rotina, agora lhe causam temores. Sente-se mais susceptível ao meio onde vive, é menos agressivo nos negócios e menos impetuoso com as mulheres.

O seu corpo também sofre transformações exteriores e a primeira delas é o aumento de peso. Começa a engordar particularmente no abdome e a sua massa muscular diminui e fica mais flácida. Aparecem os primeiros vincos na face e as primeiras manchas no dorso das mãos e os cabelos ficam mais finos e sem brilho. Dores articulares, palpitações, dificuldades urinárias e hipertensão arterial podem acompanhar o quadro. É a época onde o colesterol e os triglicérides costumam aumentar, podendo aparecer também hipertensão arterial e intolerância à glicose: diabetes melittus.

É importante estarmos atentos para qualquer modificação de comportamento e para qualquer sinal ou sintoma físico nesta fase da vida, para podermos diagnosticar e tratar adequadamente o climatério masculino. É necessária uma maior compreensão do homem nesta fase, pois se por um lado o climatério é inevitável, sabemos muito bem que as suas conseqüências são perfeitamente evitáveis, através da reposição hormonal.

A reposição hormonal no homem se impõem neste período de vida tão importante e tão negligenciado , não só para manter a sua capacidade de trabalho como também para melhorar a sua qualidade de vida intelectual, social e sexual.

Entretanto antes de procedermos à reposição hormonal , devemos nos lembrar que este homem vivendo no planeta por 35 - 40 anos ou mais já teve a oportunidade de entrar em contato com inúmeras substancias estranhas ao organismo como os metais tóxicos, os agroquímicos e a extensa coleção de aditivos alimentares. Por exemplo, a intoxicação crônica pelo chumbo pode provocar: irritabilidade, ansiedade, depressão, diminuição da memória e da concentração, dores articulares e cansaço . O mercúrio pode provocar: falta de energia, tristeza, depressão, insônia, sonolência, instabilidade emocional e diminuição da memória. O alumínio provoca cansaço, fraqueza e diminuição da memória. Os aditivos alimentares e os agrotóxicos também podem provocar sintomas psíquicos e físicos como: irritabilidade, ansiedade, depressão, falta de disposição e aumento do cansaço físico e mental.

Desta forma torna-se imperioso afastar a presença destas substancias estranhas antes de se proceder à reposição hormonal.

Outro aspecto da maior relevância, porem, quase sempre esquecida pelos médicos em geral é o seguinte: as nossas células necessitam receber do meio externo 45 nutrientes essenciais para conseguirem produzir energia e fabricar proteínas, enzimas, e inclusive os hormônios.

Nesta fase da vida que estamos nos situando, 35 - 40 anos , as responsabilidades do homem são muito grandes. É grande a pressão da sociedade, é necessário abrir novos empreendimentos, recuperar-se de maus negócios ou simplesmente manter o emprego. Esta sobrecarga de trabalho e sobrecarga emocional do cotidiano, leva ao dispêndio de muita energia e por conseqüência maior quantidade de nutrientes são necessários ao organismo.

Estas substancias deveriam ser provenientes da dieta , porém geralmente as pessoas não se importam com a alimentação. Comem em qualquer lugar, qualquer coisa e depressa, sendo assim freqüente o déficit de vários tipos de nutrientes nesta fase da vida.

Portanto para essas pessoas é um contra senso, administrar o hormônio já pronto como primeira opção, pois nós podemos tentar fazer com que a célula o produza simplesmente fornecendo a elas a matéria prima necessária: nutrientes. Uma máquina por melhor e mais moderna que seja não conseguirá produzir se não lhe fornecermos a matéria prima adequada.

Concluímos assim que antes da reposição hormonal é necessário livrar o candidato dos metais e substâncias tóxicas e também é preciso repor os nutrientes essenciais que porventura estejam em falta.

Quando estivermos diante de um homem com os sinais e sintomas acima descritos, isento de metais e substancias tóxicas e com os seus 45 nutrientes essenciais em ordem e equilibrados é que procedemos à reposição hormonal androgênica.

Precisamos saber agora, qual a substancia a ser utilizada, a dose , a via de administração e o horário.

Sabemos que o principal androgênio é a testosterona, responsável pelas características sexuais primárias como a libido, a potência e a fertilidade e as secundárias como a virilização: musculatura, distribuição dos pêlos e o comportamento viril.

A hipófise produz LH , uma gonadotrofina que regula a produção de testosterona pelas células de Leydig do testículo, de uma forma circadiana: as maiores concentrações de testosterona no plasma acontecem às 8 horas e as menores às 21 horas. A maior parte da testosterona não está disponível biologicamente pois encontra-se ligada à albumina e a uma globulina carregadora específica a SHBG ( 30 - 40% ).Somente 1 a 2 % da testosterona está no plasma em sua forma livre.

É o hipotálamo que controla a produção de LH pela adenohipófise, através da secreção de LH - RH : fator liberador de gonadotrofinas. Tal secreção sofre influencias neurais de vários pontos ; assim o estimulo visual, olfativo, auditivo, do tato podem aumentar a liberação de LH - RH ,assim como os estímulos colinérgicos e adrenérgicos. Pelo contrário o estresse, a sobrecarga de trabalho, a sobrecarga emocional ,diminuem a secreção de LH - RH ,diminuem assim a produção de LH e conseqüentemente de testosterona.. O excesso de cortisol circulante possui a capacidade de inibir diretamente a secreção de LH.

Outro hormônio hipofisário que age sobre as células de Leydig é a prolactina. Ela favorece a entrada de lipídios nestas células e reforça a ação do LH na produção de testosterona. A prolatina também age sinergicamente com a testosterona no seu efeito anabolizante.

A hipófise produz outra gonadotrofina o FSH que regula a função das células de Sertoli, situadas nos tubos seminíferos do testículo e que produzem o líquido seminífero e grande variedade de proteínas reguladoras da espermatogênese.

Nos animais inferiores os testículos e os ovários são os únicos a fabricarem os hormônios sexuais, entretanto nos seres humanos e nos animais superiores esses orgãos não são os únicos produtores de androgênios e estrogênios. No homem quase 50% dos androgênios são sintetizados nas células dos tecidos periféricos alvo, a partir de precursores adrenais inativos: dehidroepiandrosterona (DHEA) e sulfato de dehidroepiandrosterona (DHEAs)

Nas mulheres no período pré menopausa 75% dos estrogênios são produzidos nos tecidos periféricos a partir do DHEA e na pós menopausa,100%.
Colesterol TESTOSTERONA 17BETA ESTRADIOL
Pregnenolona--> alfa hidroxipregnenolona-> DHEA-> ANDROSTENEDIONA-> ESTRONA
corticosterona cortisol
A formação de hormônios dentro das células dos tecidos alvo, mecanismo intrácrino, constitue-se em um sistema econômico para o organismo, porque requer quantidades mínimas de hormônio para exercer o máximo de função. A intracrinologia nos ensinou a buscar as deficiências hormonais nos sinais e sintomas dos tecidos periféricos alvo, pois devemos nos lembrar que, podem coexistir deficits hormonais periféricos com níveis séricos normais.

Conhecendo-se todos estes fatos fisiológicos, o parâmetro que agora necessitamos conhecer, antes da reposição hormonal é o nível sérico do DHEA sulfato, precursor dos androgênios e dos estrogênios.

É muito interessante saber que, o DHEA começa a ser secretado pela supra renal aos 8 - 10 anos de idade atingindo o zenite aos 20 - 30 anos ,fase da vida mais apropriada para a reprodução. E depois como se o organismo fosse descartável, uma vez cumprido o preceito biológico máximo da procriação, o DHEA começa a decrescer inexoravelmente 2% ao ano , atingindo aos 80 anos ,20% do seu valor máximo.

Este declínio do DHEA após os 30 anos, diminue a produição periférica dos hormônios sexuais tanto nos homens como nas mulheres e coincide com o aparecimento de doenças relacionadas com a idade como a obesidade, as doenças cardiovasculares, o câncer, o diabetes melittus, as alterações do sistema imune, as doenças reumáticas, as infecções virais e a depressão.

De uma maneira geral os níveis de DHEA sofrem uma queda antes do aparecimento de vários tipos de doenças, incluindo a infecção por HIV.

Estudos recentes, nos ensinaram uma forma fisiológica de aumentarmos os níveis de DHEA sulfato nos homens sem administra-lo por via exógena.

Verificou-se que a infusão aguda de insulina, reduz o nível sérico de DHEA sulfato e aumenta a sua depuração metabólica . Sabe-se que a insulina endógena inibe a produção de androgenos adrenais e a melhoria farmacológica sustentada da resistência periférica à insulina com redução da hiperinsulinemia aumenta o DHEA sulfato. Concomitantemente foram identificados na adrenal humana, receptores para a insulina e para o IGF-I ( insulin growth factor - I ),sugerindo que a adrenal é regulada pelos níveis circulantes de insulina.

Esta correlação inversa entre insulinemia e DHEA sulfato no homem, porem não na mulher, foi também constatada em estudos epidemiológicos onde verificou-se redução do DHEA sulfato em estados caracterizados por aumento da resistência à insulina e hiperinsulinemia: obesidade, hipertensão arterial e diabetes melittus não tratado. Alguns autores utilizam os níveis de DHEA sulfato como marcador de resistência à insulina no homem: nível reduzido indica resistência sub-clínica à insulina. Na literatura encontramos estudos sugerindo que o tratamento farmacológico precoce de homens com resistência à insulina , porém não diabéticos, diminui a probabilidade do aparecimento da obesidade, hipertensão e do diabetes melittus.

O DHEA sulfato aumenta quando a pessoa perde peso ou faz jejum. Drogas que melhoram a resistência periférica à insulina como o metformin e o benfluorex, provocam aumentos de até 50% dos níveis de DHEA sulfato , tanto nos diabéticos como nos não diabéticos e tanto nos homens jovens como nos idosos de 80 - 90 anos. O próprio exercício, aumentando a sensibilidade periférica à insulina ,o que provoca queda dos seus níveis, aumenta o DHEA sulfato no soro. Outras drogas como o diltiazen e a amlodipina , ambas bloqueadoras dos canais de cálcio, também aumentam o DHEA sérico. Devemos lembrar que os bloqueadores de cálcio aumentam o risco de morte súbita em hipertensos não coronarianos e também aumenta o risco de aparecimento de câncer por interferir na apoptose.

Estes trabalhos nos ensinam algo de muito valor : o declíneo do DHEA com a idade não pode ser considerado inexorável como havíamos escrito alguns parágrafos atrás, porque ele pode ser revertido. Se nós aumentarmos a sensibilidade dos tecidos à insulina ( exercício, emagrecer, metformin) e conseguirmos reduzir a sua concentração no sangue , poderemos provocar o aumento equilibrado do DHEA , isto é, o justo e necessário aumento do DHEA. Lembramos novamente que os efeitos da insulina é sexo dependente, isto é , ela não modifica os níveis de DHEA nas mulheres.

É importante salientarmos que um estilo de vida alegre, relaxado e sem estresse , associado ao exercício moderado, é uma das estratégias mais eficazes para aumentar a produção adrenal de DHEA.

REPOSIÇÃO DE DHEA NO HOMEM E NA MULHER
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A nossa pretensão está longe esgotarmos o assunto e apenas mostraremos indícios fortes na literatura médica sobre benefícios do DHEA. Yen, administrou 50 mg ,via oral à noite de DHEA a 13 homens e 17 mulheres de 40 - 70 anos e verificou que em 2 semanas restaurava-se os níveis encontrados nos jovens. Em 6 meses de administração contínua notou nas mulheres o dobro dos níveis de androstenediona, testosterona e dehidrotestosterona. Nos homens houve leve aumento da androstenediona. Muito importante foi o aumento da biodisponibilidade do IGF - I nos orgaõs alvo, em ambos os sexos. A maioria dos pacientes experimentou aumento do bem estar físico e psíquico. A sensibilidade periférica à insulina, a porcentagem de gordura e a libido não sofreram alterações. Não houve efeitos colaterais.

Em outro estudo, o mesmo autor administrou 100 mg de DHEA ,via oral ,à noite à 8 homens e 8 mulheres durante 1 ano. Nas mulheres quadriplicou os níveis de androstenediona, testosterona e de dehidrotestosterona e no homem dobrou o de androstenediona. Os níveis de SHBG , globulina carregadora de hormônios sexuais, sofreu uma queda de 50% nas mulheres e não se modificou nos homens. Isto explica o grande aumento de androgenos nas mulheres e o aparecimento de pêlos no rosto de uma delas. Os níveis de gonadotrofinas permaneceram inalterados. Houve aumento da biodisponibilidade do IGF - I , aumento da massa magra e aumento da força muscular nos homens e nas mulheres , e diminuição da gordura corporal nos homens. As mulheres deste estudo já eram magras.

Labrie, usou o DHEA em 15 mulheres com idade entre 60 - 70 anos na forma percutânea.: uma aplicação diária de creme a 10 % pela manhã ,por 12 meses.

Não houve perda de peso, porem a espessura do tecido subcutâneo reduziu em 10 % e houve aumento de massa magra. Notou ainda:11% de queda na glicemia de jejum juntamente com 17% de redução dos níveis circulantes de insulina. Houve aumento da biodisponibilidade do IGF - I , diminuição das globulinas carregadoras de hormônios sexuais e as gonadotrofinas não sofreram alterações. O colesterol sofreu leve diminuição. O aumento dos androgenos provocou 73% de aumento da secreção sebácea. Na pós menopausa a produção de sebo diminui e este estudo mostrou a surpreendente restauração da função das glândulas sebáceas pelo DHEA em mulheres de até 70 anos de idade.

É interessante notar que o apetite e a ingestão calórica não se modificaram durante o estudo de 1 ano e mesmo assim a massa gordurosa diminuiu , mostrando que além de sua transformação em androgeno ou estrogeno o DHEA pode exercer efeitos diretos no tecido adiposo e muscular. De fato em roedores o DHEA emagrece pois possue, efeito termogênico, diminue o volume das células adiposas e inibe a glucose 6 fosfato desidrogenase e a lipoproteino lipase ( inibe a lipogenese).

Administrado no curto período de 28 dias e na dose altíssima de 1600 mg ,consegue diminuir a massa gordurosa de mulheres obesas na pós menopausa e também nas mulheres jovens.

A ação estrogênica do DHEA percutâneo foi observado por citologia vaginal: ele aumenta a síntese de estrogeno no epitélio vaginal.

A vantagem do DHEA sobre a reposição com estrogeno é que ele estimula o epitelio vaginal sem a maléfica proliferação do endometrio. Na verdade ele provoca atrofia das glândulas endometriais em todas as mulheres após 12 meses de tratamento , diminuindo assim o problema do câncer de endometrio. A administração de DHEA a mulheres com mais de 60 anos , aumenta significantemente a massa óssea.

A conclusão de Yen e Labrie, dois dos maiores estudiosos desta área : "A reposição com DHEA é o meio mais seguro e eficaz na melhoria da saúde e da qualidade de vida durante o envelhecimento".

DOENÇA CARDIOVASCULAR
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Diminuição dos níveis de DHEA se correlaciona com infarto do miocardio e aumento do risco de morte por doença cardiovascular no homem , porém existe muita controvésia pelo seguinte fator complicador: o álcool e os cigarros aumentam os níveis de DHEA nos homens e nas mulheres.

Em animais de experimentação, sabe-se que o DHEA inibe a aterosclerose coronariana, diminue a formação de placas em aorta de coelhos e diminui o crescimento e a diferenciação de fibroblastos em cultura de tecidos.

Em 206 pacientes com idade ao redor de 50 anos , verificou-se que o DHEA era menor nos pacientes com maior número de coronárias com obstrução superior a 50%.

O DHEA inibe a agregação plaquetária "in vitro" e 'in vivo', fator importante na melhoria do prognóstico das doenças cardíacas em geral .


SISTEMA IMUNE / INFECÇÕES VIRAIS
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O DHEA possue efeito imunomodulador tanto "in vivo" como "in vitro" nas doenças virais , incluindo
o HIV.

Na pós menopausa já foi observado o seu efeito imunoestimulante : 50 mg via oral por dia provoca aumento da atividade das células Natural Killer em 3 semanas de tratamento.

Em seres humanos com lupus eritematoso disseminado, que receberam 200 mg de DHEA , verificou-se melhoria dos sintomas , redução da necessidade de glicocorticoide e restauração da produção de IL - 1 por linfocitos T "in vitro" .

No homem idoso saudavel,50 mg ,via oral à noite por 20 semanas , aumenta a biodisponibilidade do IGF - 1 , e aumenta a função dos linfocitos T e B e das células Natural Killer.

Os monocitos possuem receptores para o DHEA , os quais aumentam a produção de
IL - 1 ,fator de necrose tumoral e a atividade da oxido nitrico sintetase.

Baixos níveis de DHEA tem sido encontrado em pacientes com câncer de mama e de
próstata e o DHEA exerce uma atividade anti oncogênica em uma série de modelos experimentais.

DEPRESSÃO
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O DHEA é um esteróide neuroativo. Em roedores ele é neurotrófico, excitatório, neuromodulador, aumenta a memória e diminui a agressividade.

O DHEA administrado à noite em seres humanos, aumenta o sono REM , sem interferir com as outras fases . O aumento do sono paradoxal é benéfico para a saúde mental e esta relacionado ao aumento da memória nas pessoas idosas e também à melhora da depressão.

Os níveis basais de DHEA se correlaciona diretamente com a performance da memória verbal , semântica, e das funções automáticas.

Vários trabalhos têm mostrado que o DHEA melhora o humor, a energia, a libido, a memória e o bem estar físico e psíquico tanto de pacientes clínicos como psiquiátricos. Em 6 pacientes com depressão maior e DHEA baixo com idade entre 50 e 70 anos, foram administrados 30 a 90 mg de DHEA, procurando-se atingir os níveis encontrados nos jovens. Constatou-se melhora da memória verbal e grande diminuição dos sintomas depressivos. Após a retirado do hormônio, houve retorno ao estado psiquiátrico prévio em 2 a 3 meses. Em 82 pacientes deprimidos graves, encontrou-se DHEA matutino muito baixo ( < 0.2ng/ml) e cortisol vespertino alto ( >0.59ng/ml).


Referências Bibliográficas
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1-Bellino,FL et als:Dehydroepiandrosterona (DHEA) and Aging.Annals of the New york Academy of Sciences.Vol:774,1995.
2-Labrie,F.Intracrinology.Mol.Cell.Endocrinol.78:c113-c118,,1991.
3-Yen,SSC et al:Effects ofreplacement dose of DHEA in man and woman of advancing age.
J.Clin.Endocrinol.Metab.59:551-555.1994.
4- Livros textos de Clínica Médica e Endocrinologia.

TIREÓIDE X PESO

TIRÓIDE X PESO



Apesar do pequeno tamanho, a tireóide é um órgão muito importante no controle do organismo e funcionamento de todas as células do corpo. Esta pequena glândula realiza suas funções fabricando os hormônios conhecidos como tiroxina (T4) e triiodotironina (T3) e secretando-os na corrente sangüínea. Entre as suas funções específicas, a tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3), exercem

profunda influência no metabolismo ósseo e na manutenção da concentração de cálcio e fósforo do organismo.

A quantidade de hormônios tireoideanos que devem ser produzidos pela tireóide é controlada por uma outra glândula que se encontra no cérebro, chamada pituitária ou glândula hipófise que, por sua vez, é controlada pelo hipotálamo.


Hipotiroidismo

À medida que a concentração dos hormônios tireoideanos é reduzida no sangue o organismo funciona mais lentamente. Esta condição é caracterizada pelo hipotireoidismo. Como os hormônios da tireóide afetam praticamente todas as células do corpo, a diminuição na sua fabricação pode provocar uma grande variedade de queixas, tais como: cansaço, depressão, pele ressecada e amarelada, cabelos ásperos, unhas quebradiças, constipação intestinal, anemia, fadiga, perda do apetite, aumento de peso, períodos de menstruação irregular ou ausente, sonolência extrema, lentidão muscular, frequência cardíaca diminuída, lentidão mental, diminuição do crescimento do cabelo, alterações de voz e inchaços por todo corpo (mixidemas), hiperlipidemia, anemia e cãibras. Além disso, a deficiência de hormônio tireóideo diminui a excreção de colesterol pelo fígado, e com isso aumenta os níveis de colesterol sanguíneo.

Parece haver um consenso de que o hipotiroidismo seja mais freqüente no idoso, embora estudos de prevalência nesta faixa etária mostrem índices que variam de 0,4% a 3,8% nos homens e 0,7% a 11,6% nas mulheres. Alguns estudos encontraram níveis elevados de TSH em idosos, o que pode refletir uma prevalência maior de hipotiroidismo, e não uma alteração decorrente do processo de envelhecimento.

As causas do hipotiroidismo podem ser relacionadas à predisposição de origem genética, à ação de anticorpos contra o próprio organismo ou baixa ingestão de iodo (mineral essencial para produção de T3 e T4), entre outros fatores. O conteúdo de iodo na água, nos vegetais e demais elementos de origem animal, depende da quantidade do mesmo no solo e nas rochas da região de origem e, consequentemente, varia de área para área, dentro de um mesmo país. Assim, a deficiência nutricional de iodo é a causa mais freqüente de bócio no mundo, sendo um problema de Saúde Pública em 130 países, afetando 1,5 bilhão de pessoas ou 13% da população mundial.

No tratamento nutricional desta doença busca-se reduzir ou manter o peso (que é um dos sintomas mais comuns desta doença), regular o funcionamento intestinal, evitar o aumento do colesterol LDL sanguíneo e reduzir o inchaço. Além disso, recomenda-se consumir com moderação verduras crucíferas (tais como nabo, repolho, espinafre, couve, pêra e pêssego), pois estes parecem suprimir ainda mais o funcionamento da glândula.


Hipertiroidismo

Quando ocorre um aumento na concentração dos hormônios tireoideanos no sangue, o organismo trabalha de forma mais acelerado. Esta condição é caracterizada pelo hipertireoidismo. Os sinais e sintomas mais freqüentes desta condição são: nervosismo, aumento da sudorese, intolerância ao calor, palpitações, cansaço, perda de peso, diarréia, tremores, exoftalmia (olhos saltados), fraqueza muscular, insônia, entre outros. Esse processo resulta em um estado metabólico hiperativo no qual as funções do corpo, principalmente a digestão aumentam. Como consequência, ocorre má absorção de determinados nutrientes.

Esta é uma doença bastante grave que afeta substancialmente a qualidade de vida, principalmente quando ocorre em indivíduos de baixo nível socioeconômico e cultural. Incide, aproximadamente, 2% das mulheres e 0,25% dos homens. Os estudos populacionais em diferentes regiões mostram ocorrências que variam de 0,2% a 3% na população idosa. Um estudo intra-hospitalar encontrou incidência sete vezes maior de hipertiroidismo após 60 anos de idade.

Para o hipertiroidismo recomenda-se:

– ingerir maiores quantidades de brócolis, couve-de-bruxelas, repolho, couve-flor, couve, folhas de mostarda, pêssego, pêra, soja, espinafre, nabo, pois estes ajudam a suprimir a produção de hormônios da tireóide;

– evitar o consumo de alimentos estimulantes (chás, cafés, nicotina e refrigerantes), pois estes podem aumentar os sintomas desta doença, tais como palpitações e tremores;

– diminuir o consumo de fibras para evitar a diarréia, como também aumentar o consumo de água para repor as perdas sofridas por este sintoma;

– aumentar o consumo de alimentos na dieta, para suprimir as perdas sofridas devido a esta doença, o que, se não for adequadamente tratado, pode ocasionar uma perda de peso constante e progressiva.

O hipertireoidismo, por ser considerado fator de risco de osteoporose para a mulher, tem

despertado grande interesse no estudo do efeito de T3 e T4 sobre o metabolismo ósseo, mas pesquisas indicam que o hipotireoidismo também deve ser incriminado como fator de risco para a osteoporose. As pessoas que têm familiares com problemas na tireóide devem ficar atentas, pois são mais propensas a desenvolver estes distúrbios.

Desta forma, a qualquer sinal de alteração da tireóide procure um médico que lhe auxiliará na escolha do melhor tratamento para mudar este quadro.